RELAÇÃO DE JESUS COM O PAI
Tudo isso se dá numa referência com o Pai, primeiro e último amor. Para entendermos esta relação tão profunda de Jesus com o Pai, é só observar como ele agiu diante das injustiças sociais de sua época, sempre acolhendo o pobre e o oprimido, enfrentando o poder romano que subjugava o povo. E ao enfrentar os poderosos ele compromete-se com os sofredores e marginalizados, e arriscou a vida até a morte, porque estava confirmado na profunda experiência de Deus, que para Ele era único e absoluto.
Mas Jesus não sentia Deus como seu único Pai, amado e querido, mas também como Pai de toda humanidade. É o que nos demonstra toda essa proximidade de Jesus que se faz refletida no Pai, é a sua própria forma de se dirigir a Ele como Pai querido, na sua forma de oração e conversa com Deus que nos foi narrada nos evangelhos – (Mc 14,36; Mt 11,25-26; Lc 11,2).
Podemos perceber que várias passagens dos evangelhos, há grandes demonstrações de uma relação muito íntima de Jesus com Deus, para chamá-lo de Pai e também de paizinho numa forma tão carinhosa, que se dava verdadeiramente somente de um filho para um pai.
· JESUS EM RELAÇÃO À LEINa época de Jesus a lei de Moisés era a instituição fundamental do povo judeu. Era verdadeiramente o povo da lei, para se ter uma idéia, a observância da lei era considerada como uma mediação essencial do humano com Deus.
Agora imaginamos um homem que se diz filho de Deus, que se autocompreende como a boca falante de Deus e a própria palavra de Deus, e se anuncia assim aos grandes religiosos de sua contemporaneidade. Era realmente um sinal de morte de cruz, principalmente quando Jesus vem reformular essa lei religiosa, que para o sumo sacerdote pesava como uma transgressão e blasfêmia contra Deus.
A ação de Jesus perante os religiosos era de um homem que transgredia no bom sentido toda lei de Moisés, quando tocava os impuros, curava os doentes no sábado, perdoava os pecadores, tocava os mortos, enfim, fazia tudo que era condenável aos sacerdotes.
Mas Jesus deixa bem claro, que não e contra a lei, é contra a forma desvirtuada como a lei é praticada. É quando ele fala: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los a perfeição” – Mt 5,17.
É importante perceber que segundo a lei mosaica, diz que: ao tocar uma pessoa impura, você também se tornará impuro. Mas com Jesus acontece o contrário, o contato corporal com Ele produz saúde, vida e salvação.
· JESUS E A FAMÍLIASempre que imaginamos a palavra família, pensamos em harmonia, amor e fraternidade. Hoje percebemos que há muita discórdia entre as famílias, algumas se amam, outras se odeiam se detestam; a verdade é que isso sempre existiu, nas épocas mais remotas da vida humana. E com Jesus não foi diferente, para Ele a questão da família vai muito além dos traços biológicos dos seres humanos, Ele não pede que você odeie seus parentes, Ele apenas quer que você se liberte deles.
Caminhar com Jesus e realizar as maravilhas que Ele realizou, entregando-se de corpo e alma no projeto salvífico de Deus, é preciso cortar o cordão umbilical que te une a teus familiares. Mas as palavras duras ditas por Jesus a seus discípulos, foi motivo de muitas críticas, embora não tivesse entendendo o porquê Jesus dizia aquilo.
Porém todas as palavras duras que Jesus pronunciou, tem um motivo muito lógico. Naquela época a família vivia uma estrutura diferente. Seu modelo era patriarcal, o pai era o senhor, tinha todos os direitos e liberdade, a mulher e os filhos eram totalmente submissos e escravizados a esse senhor. E Jesus era contra a essa forma de opressão, porque Ele rompe as amarras que estavam ligadas a esses patriarcas, desde muito tempo Jesus praticava a liberdade de se pronunciar e questionar as estruturas de escravidão na família. Por isso, quando Jesus chama seus discípulos para segui-lo, a primeira exigência é deixar a família.
· JESUS E O TEMPLOO templo era o centro da vida religiosa dos judeus, e sendo assim, era muito mais importante para Jesus. Para os judeus era o lugar de presença de Deus e encontro com Ele. Por várias vezes Jesus se dirigia ao templo para ensinar e apresentar a proposta salvífica do Pai. No entanto, Ele percebe a manobra dos religiosos na manipulação dos sacrifícios oferecidos no templo. Tudo girava em torno de um verdadeiro comércio de pagamento de promessas.
E Jesus não comungava com essa prática realizada pelos sacerdotes e toma a atitude de expulsar a todos do templo mexendo assim com o sistema econômico do mesmo. Com certeza esse foi um dos principais motivos que levou Jesus a ser crucificado.
É importante também perceber aqui a liberdade de Jesus quando se refere ao templo. Ele chama de: “A casa de meu Pai”, e se vocês a destruírem, eu a reerguerei em três dias. Provavelmente para os religiosos judeus, essa declaração de Jesus selou de vez a sua morte. A postura e a atitude de Jesus, sua soberana liberdade diante do templo, resultou para aquela liderança religiosa, um ato absolutamente intolerável.
· JESUS E AS AUTORIDADES TEOCRÁTICAS
O sistema do tempo e da contemporaneidade de Jesus era puramente teocrática
De certo, Jesus faz denúncias graves, contra a forma e a maneira de governar dos lideres, que se diziam representante de Deus na terra. Certamente ele sabia do perigo que estava correndo, mas tinha consciência de sua atuação, em defender os pobres e excluídos. Isto quer dizer que, em momento algum, Jesus se sentiu acuado, ou com medo das repressões que por ventura viessem cair sobre Ele. Pelo contrário Ele sempre se sentiu livre para evangelizar, denunciar, punir, e anunciar o Reino de Deus, amando totalmente seu próximo.
Para Jesus o valor da vida não era ser submisso a ninguém, mas sim livre para libertar os outros. Embora isso implicasse ter que entregar sua própria vida em prol da vida do outro. Portanto, podemos concluir: o que mais Jesus prezava na vida, na missão, era a liberdade, sua característica e sua expressão mais forte de uma extraordinária personalidade. Por isso, seguir Jesus era também estar disponível para o projeto do Reino de Deus. Estar com Jesus era também denunciar as amarras do poder que subjugava o povo. Estar com Jesus era renunciar a tudo, a família e a própria vida.[1] Teocracia é uma forma de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus.
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