Vivemos no século das imagens. Os meios de
comunicação social nos acostumaram a ler intuitivamente a linguagem da imagem,
agora eletrônica. Isso afeta de modo muito curioso a pedagogia da educação e os
métodos da catequese.
A cruz, a imagem da Virgem e dos Santos,
painéis e os vitrais transmitem-nos uma linguagem de fé que assimilamos instintivamente
e sobre a qual vale a pena refletir.
Imagens: sim ou não? Ao longo da história,
juntamente com o apreço em que foram tidas as imagens sagradas, nota-se uma
grande suspeita e até certo tom de medo e de rechaço em relação a elas.
Basta recordar a proibição dos livros do
Antigo Testamento: “Não terás outros deuses diante de mim”. A proibição de
imagens para Israel tem, pois, um claro sentido de defesa contra a idolatria e
de respeito diante da transcendência absoluta de Deus.
Já em nossa era , os séculos VII E IX foram
cenário de uma violenta luta entre os defensores das imagens sagradas e seus
opositores , os iconoclastas.
A luta se decantou finalmente – depois de
ásperas disputas – a favor das imagens. O segundo Concilio de Nicéia (ano 787)
defendeu assim sua legitimidade. “A honra da imagem dirige-se ao original”. E o
quarto Concílio de Constantinopla (869) voltou a justificar, contra Fócio, o
papel das imagens. “A sagrada imagem de Nosso Senhor seja adorada com honra
igual a do livro dos Sagrados Evangelhos”. Vê-se , pois, na imagem sagrada – no
ícone, sobretudo do Senhor – uma realidade que se reporta continuamente ao
“original”.
No século XVI, foram os reformadores
protestantes que novamente mostraram um rechaço absoluto de toda imagem no
culto cristão. Dessa vez, a resposta foi dada pelo Concilio de Trento,
motivando e matizando, por sua vez, esse culto tão antigo da Igreja.
A Igreja fez, pois, uma clara opção pela
presença de imagens sagradas em seus lugares de culto. O cristianismo preferiu
seguir o caminho da cultura grega, que privilegia a linguagem da vista: certamente com uma síntese que assimila a força tanto da palavra como da
imagem visual. É uma síntese que havia encarnado em si mesmo Jesus Cristo, que
é a palavra de Deus, porem, por sua vez, “imagem visível do Deus invisível”(Cl
1,15;2Cor 4,4). Os cristãos romperam muito rapidamente com a proibição judaica
de imagens.
A Igreja apostou no elemento visual, além de
valorizar também decididamente a importância que tem para todos a audição da
Palavra. Todos com igual finalidade: que a imagem nos conduza mais
pedagogicamente ao Mistério que celebramos e a própria Pessoa que representa.
A imagem sagrada tem uma linguagem própria,
visual e simbólica, que ajudou nossa celebração. De alguma forma, a imagem cria
proximidade, é mediadora de uma presença, leva-nos a uma comunhão. Foi dito que
a imagem é a oração feito arte, ou quadro, ou estatua. Não porque ela contenha essas atitudes , mas porque nos
introduz nessa dinâmica dialogal. A imagem não é um elemento isolado: une-se a
Palavra proclamada, a oração, a ação sacramental, a linguagem do canto e a
musica. Imagem e palavra não se excluem, mas completam-se e se interpretam
mutuamente. A finalidade mais profunda da imagem é a fé da comunidade.
Todavia lembram-se também algumas orientações
a sensibilidade atual da Igreja: que não seja excessivo o número dessas imagens
sagradas na Igreja; figura de santos em demasia podem distrair do ponto
central, que continua sendo a celebração comunitária, com uma imagem central de
Cristo, uma da Virgem Maria e outra do Santo mais representativo.
Que não haja na Igreja mais de uma imagem do
mesmo Santo, não se diz expressamente nada das que possa haver de Cristo e da
Virgem Maria. Estejam na devida ordem uma vez que tem como finalidade conduzir
a uma reta e profunda celebração do mistério cristão, deve respeitar a
centralidade absoluta de Cristo.
Já Pio XII em sua Mediator Dei, indicava o
critério de buscar um “equilibrado meio termo entre um realismo servil e um
exagerado simbolismo”.
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