Às vezes Jesus falava sobre a fé dos beneficiados pelos seus milagres. Mas, a falta de fé de alguém não o impedia de realizar os milagres.
Os milagres são acontecimentos extraordinários que tem como principal objetivo glorificar o nome de Deus, e mostrar a sua soberania sobre todas as esferas da geração.
“Milagre” é uma palavra de origem latina, de “Miraculum”, “algo espantoso, admirável, extraordinário”.
Os milagres de Jesus foram realizados para atender as reais necessidades físicas das pessoas, não para satisfazer a curiosidade de alguém (Mc 10,46 – 52 – O cego de Jericó).
Jesus também nunca realizou milagres visando algum tipo de proveito pessoal. Jesus fez milagres que implicavam, comprometiam os favorecidos no reconhecimento da bondade de Deus e numa mudança de vida. Portanto, são compreendidos no contexto do anuncio do Reino de Deus: “Mas se é pelo Espírito de Deus que expulso demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12,28). Jesus inaugura o reino de Deus e os milagres são uma chamada a uma adesão pessoal a Deus.
Os Evangelhos foram escritos no contexto de uma cultura pré-científica. É importante quando percebemos que nos falam das doenças da natureza, mas no universo de uma espécie de submundo espiritual.
Com efeito, as doenças eram espíritos impuros que possuíam as pessoas e lhes faziam mal, ou então eram castigos de Javé por causa do pecado, da própria pessoa ou dos seus antepassados.
Os problemas mais graves eram considerados possessões de vários espíritos, ou espíritos mais fortes. Era o caso da epilepsia ou a demência grave que levava a atos tresloucados. Quando os evangelistas apresentam Jesus a libertar pessoas de espíritos impuros e a curar doentes, não estão a proclamá-lo “curandeiro”, mas a libertador das forças do mal que afastam as pessoas da vontade de Deus, e as arrastam para uma condição sub-humana.
É fundamental perceber esta distância: A causa das doenças no mundo bíblico explica-se pela maldade, não pela biologia. E o milagre em linguagem evangélica é a intervenção sobre as leis do mal, portanto, a libertação das amarras da maldade que muitas vezes aprisiona o ser humano.
Quando compreendemos o modo como o mundo bíblico entende a causa das doenças, compreendemos também o que esta a dizer de alguém que opera milagres de curas! O milagre não é retirar a pessoa das leis da biologia, mas libertá-las das “leis da maldade”.
Com tudo isso percebemos que os milagres realizados por Jesus não são coisas do passado, mas um apelo permanente a colaborarmos com o Espírito Santo na construção do reino de Deus que consiste num mundo de pessoas mais justas e verdadeiras.
OS PROPÓSITOS DOS MILAGRES
O ministério de Jesus foi marcado pelos milagres (Jo 2,23) – “Estando em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, vendo os sinais (milagres) que realizava”.
Tais circunstâncias demonstram que o ministério de Jesus foi caracterizado pelos milagres, tanto que os escritos mais antigos que se referem ao Senhor, ainda nos primeiros séculos da história da Igreja, pessoas que não professavam a fé crista, dão ênfase a esta caracterista do ministério de Jesus, o historiador judeu Flávio Josefo (sec. I), que ao falar sobre Jesus, disse “ELE” ter feito... Obras admiráveis. Como também o filosofo grego Celso (sec. II), inimigo dos cristãos, que em outras coisas, acusa Jesus de “mágico” e “ilusionista” – uma prova de que os milagres de Jesus marcou seu ministério.
Uns dos propósitos dos milagres no ministério de Jesus era certamente autenticar a sua mensagem. Através dos mesmos “ELE” dava testemunho da vinda do reino (Jo 3,2 – o reconhecimento de Nicodemos, de que Jesus era da parte de Deus, pelos sinais que realizava).
Ajudar uma pessoa a sair de uma depressão profunda, é uma forma de realizar um milagre? Como podemos entender os testemunhos de Ghandi, Madre Tereza de Calcutá, que doaram suas vidas por outras vidas?
Só havia um caminho para realização dos sinais de Jesus, que ajudava a todos os necessitados, mostrando a sua compaixão para com todos: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Este amor tem que ser gratuito, pois era o que mais atraia as pessoas até Jesus. O seu jeito, a forma carinhosa como ELE se aproximava das pessoas, que transmitia sinceridade, simplicidade, honestidade, transparência, “ELE’ era tudo o que o povo precisava naquele momento difícil, de injustiças, escravidão, sofrimento, dor, morte, escuridão – a certeza de que Jesus os amava incondicionalmente e confirmava assim a presença do “Reino de Deus” no meio deles”. Para o povo, sua sabedoria, seus gestos, sua forma diferente de ensinar a Boa Nova do reino de Deus, representava esperança de dia melhores. Jesus ajudou o povo a pensar, a perceber o mal e as injustiças que pesava sobre seus ombros. Tomou partido pelos pobres, “ELE” os defendeu dos tiranos, denunciou os mal feitores, foi tudo de bom para um povo que só sofria e não tinha nenhum momento de gloria.
Por isso, Jesus influenciou a prática do amor, da misericórdia, do perdão, onde os irmãos pudessem se amar mais e curar os demônios que possuíam em seus corpos, como: o ódio, a injuria, a vingança, a morte. Jesus era o antídoto para todos os males, ELE era a cura de todas as enfermidades, Jesus em si era o grande milagre de Deus para o povo, o grande milagre de Deus em nossa vida, como nos fala a carta aos Hebreus: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8).
No que toca aos milagres, a experiências de convivência histórica é: Muita gente ao encontrar-se com Jesus fazia uma profunda experiência de libertação e cura interior, uma hora de renascimento. Pela experiência pascal, anunciam tudo isso à luz da própria vitória sobre a morte e proclamam que Jesus, na condição de ressuscitado, exercer de uma maneira definitiva e plena o poder libertador para a ação do Espírito Santo no coração das pessoas.
Por isso o Espírito santo vai suscitando mediações pelas queixas leva adiante o projeto eterno de uma humanidade reconciliada e feliz. Estão especialmente “ao alcance” do Espírito aqueles que não se fecham aos apelos íntimos do amor, porque é sempre nessa forma que o espírito sussurra sua presença... A experiência do próprio apóstolo Paulo, que libertar-se da amarras do mal, para servir ao projeto do Reino de Deus.
Algumas pessoas têm opinado, com bases filosóficas ou cientificas, que milagres tais como os descritos na Bíblia são impossíveis. Mas somente se pode negar a possibilidade de milagre se fosse possível negar a existência de Deus. Os milagres não só são possíveis, mas apropriados; e se ocorrem hoje ou não, não é assunto da ciência ou da filosofia atéia, mas uma questão de fé na inabalável “Palavra de Deus”, base fundamental do cristianismo.
Como se explica um acidente de carro onde, morreram 4 membros de uma mesma família, pai, mãe e irmãos e apenas uma criança de (8) oito anos de idade, escapou ilesa dos escombros do carro com pequenos arranhões. O que dizer de uma jovem que sofreu um acidente na estrada e seu caro foi exprimido por um caminhão e um ônibus, e ela sobreviveu embaixo das ferragens sem grandes conseqüências.
Pessoas que estavam com doenças terminais, desenganadas pelos médicos, e de repente pela força da oração e da fé conseguem, reverter toda situação de morte para vida. E muitos outros acontecimentos, que não tem explicação, mas assim acreditamos ser, o milagre um acontecimento natural, que o homem não tem conhecimento suficiente para explicar.
Todos esses acontecimentos nos mostram que os sinais não se deram apenas no período messiânico. Com o advento do liberalismo teológico do século XX, chegaram a dizer que nunca houve milagres. Mas nenhuma dessa teorias tem sustentação Bíblica ou histórica. Os milagres nunca cessaram. Eles tem ocorrido desde a época apostólica até agora, em diversos níveis, fatos esses sustentados pelas escrituras e pela historia da Igreja.
Um exemplo é o milagre eucarístico de Lanciano, que aconteceu no século VII d.c. na pequena Igreja de S. Legonziano, na cidade Italiana de Lanciano. Viviam no mosteiro São Legonziano os monges de São Basílio e entre eles havia um que se fazia notar mais por sua cultura mundana do que pelos conhecimentos das coisas de Deus. Sua fé era vacilante, e ele era perseguido pela duvida de que a hóstia consagrada fosse o verdadeiro corpo de Cristo e o vinho o seu verdadeiro sangue.
Foi quando certa manhã, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca atormentado pela sua dúvida, após proferir as palavras da consagração, ele viu a Hóstia converter-se em Carne Viva e o vinho em Sangue Vivo. Diante de tão espantado milagre, permanecendo longo tempo transportado a um êxtase verdadeiramente sobrenatural. Até que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado de lágrimas, voltou-se para pessoas presentes e disse: “Ó bem aventuras testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste “Santíssimo Sacramento” e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirais o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a carne e o sangue do nosso Cristo muito amado”. Isto aconteceu em 1713, até hoje, a carne passou a ser conservada numa custodia de prata, e o sangue, num cálice de cristal.
Foi em 1970 que os frades menores conventuais, sob cuja guarda se mantém a Igreja do milagre, decidiram devidamente autorizados, confiar a dois médicos de renome profissional e idoneidade moral, a analise cientifica das relíquias. Em março de 1971, publicaram o seguinte relatório:
*A carne é verdadeira carne
* O sangue é verdadeiro sangue
* A carne é do tecido muscular do coração (miocárdio, endocárdio e nervo vago).
*A carne e o sangue são do mesmo tipo sanguíneo (AB) e pertencem à espécie humana.
* Coincidência extraordinária: É o mesmo tipo de sangue (AB) encontrado no Santo Sudário de Turim, consta-se que estas relíquias estão guardadas a sete chaves até hoje.
E finalmente temos a certeza de que os milagres glorificam o próprio Deus, o único que pode operar milagres. Percebe-se que é um acontecimento que causa admiração, que não é comum. Por quê? Porque é um fato que foge a explicação das leis naturais. Mas eu digo que os milagres podem acontecer em nossa vida de várias maneiras, principalmente quando acontece num gesto gratuito, cujos fenômenos são algo importante, pois é sobre ele que repousa a fé, eles demonstram e provam que Jesus é Deus.
Consta na Bíblia que Jesus realizou 35 milagres, dos quais estão distribuídos da seguinte forma:
Em Mateus são 20 milagres, onde 3 não nos consta outros evangelhos;
Em Marcos soa 21 milagres, onde 3 não consta nos outros evangelhos;
Em Lucas, são 19 milagres, onde 5 não consta nos outros evangelhos;
Em João, são 8 milagres, onde 6 não consta nos outros evangelhos. Ou seja, dos 35 milagres de Jesus, 17 diferem uns dos outros, e 18 milagres estão em comum com todos.
Jesus não obrigava ninguém a crer no que Ele fazia, apenas convidava as pessoas a tirar suas conclusões diante do que Ele realizava. Todos que aceitassem os sinais aceitariam Jesus como o enviado do PAI, e que seu objetivo maior com a realização dos milagres era levar o povo de volta para Deus. Crês pela tua fé que és capaz de realizar milagres em tua vida?
Os milagres existem, pois estão narrados na BIBLIA SAGRADA, que é a verdade (Jo 17,17 – “Consagra-os pela verdade: A tua palavra é verdade”). Sendo ademais uma demonstração de que Deus não só existe, é distinto da SUA criação, como também é participante dela.
Tendo o VERBO se feito carne e habitado entre nós (Jô 1,14), era imperioso que fosse visto a SUA GLÓRIA. No entanto, Jesus despiu-se dessa glória (Jo 17,5 – “E agora PAI, glorifica-me junto de ti mesmo, com a gloria que eu tinha, junto de ti, antes que o mundo existisse”) e, para demonstrar que era o Cristo, o Messias, tinha que realizar sinais e maravilhas, não só para mostrar que “Deus era com Ele” (cf. At 10,38), também Jesus era presença constante nos apóstolos, que ungidos pelo Espírito Santo, e a força da fé, realizaram prodígios depois da Ascensão do Senhor aos céus.
Os milagres de Jesus, portanto, como primeiro ponto, quer mostrar que Jesus era profeta e, mais do que profeta, o Messias aguardado pelos judeus. O ministério de Jesus se traduz em serviços, em servir. O apóstolo Paulo afirma que: “A muitos ministérios, mas o Senhor é o mesmo - (1Cor 12,5)”. Como também afirma:” Não somos capazes de realizar qualquer coisa vinda de nós, a nossa capacidade vem de Deus, que nos tornou capazes de exercer o ministério da Aliança Nova, não na letra, mas no Espírito - (2Cor 3,56)”.
O próprio Jesus disse que os sinais que operava era uma prova de que o reino de Deus estava entre os israelitas, como na expulsão de demônios – (Mt 12,28) – “Se expulso, no entanto, pelo Espírito de Deus, é porque já chegou até vós o Reino de Deus” e (Lc 11,20) –” Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, é porque o reino de Deus já chegou até vós”.
Esta circunstância mostra-nos, claramente, que, ao contrário do que muitos equivocadamente dizem Jesus não operou milagres enquanto Deus, mas, sim, enquanto homem. Se Jesus tivesse usado os atributos da divindade para fazer milagres jamais poderia ter dito que seus discípulos fariam obras maiores do que Ele (Jô 14,2 – “Em verdade, em verdade vos digo: Quem crer em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, pois Eu vou para o PAI”), lembrando que a palavra “Obras”, se refere aos milagres na bíblia Sagrada.
Se Jesus tivesse usado da sua divindade para realizar milagres, não teria vencido o mal e o pecado enquanto homem, não nos deixando o exemplo (1Pe 2,21 – “De fato, é para isto que fostes chamados, visto que também Cristo sofreu por vós, deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais sua pegada). E dizer também que poderíamos vencer o mundo (Jo 16,33 –” Eu vos disse estas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No mundo tereis aflições, mas tende coragem, eu venci o mundo”). Visto que seríamos meros homens mortais, enquanto que Jesus teria atuado como Deus, algo que só ele É. Os milagres de Jesus tinham como finalidade de mostrar aos homens que a salvação é feita mediante a fé.
Em diversas oportunidade, principalmente nos seus milagres de cura, Jesus disse aos beneficiários das maravilhas que sua fé o havia salvo, ou curado como: Mc 5,34 – A mulher com hemorragia que tocou Jesus – Mc 10,52 – O cego de Jericó – Lc 7,50 – A mulher pecadora – Lc 17,19 – Os dez leprosos. Sem a fé não haveria milagres, em Jesus se revelaram, portanto, que não só Deus é Senhor e soberano como também que atuava de modo especial e distinto em Jesus. É neste sentido que os milagres apontam para deidade de Jesus. Com efeito, embora Deus tivesse atuado antes através de outros profetas, nenhum deles demonstrou o poder de Deus em tal amplitude como o Senhor Jesus.
Jesus abre o véu do mistério do seu poder e facilita a aceitação da sua palavra. Palavra e ação de Deus fazem uma unidade e acontecem no interior da fé. Jesus faz os milagres “Vendo a fé daquela gente” ou diz aos miraculados “A tua fé te salvou”.
Como observamos, o papel do milagre é tão grande que ainda hoje acontecem e são alcançados entre tantos fieis. Que fazem suas promessas aos santos e alcançam suas graças, portanto, tendo sido utilizada pela Igreja romana para justificar a beatificação e canonização de pessoas, pois se exige a comprovação de milagres supostamente feitos pela intercessão desses mortos para dizer que estão desfrutando das beatitudes eternas.
Então foram as ações e atitudes dessas pessoas, que conquistaram o respeito, e o amor do povo, que junto com a fé fervorosa alcançam seus milagres como: O Pe. Cícero, frei Galvão etc.
Após terem sido revestidos de poder, os discípulos passaram não só a pregar o evangelho,
mas, também, a realizar sinais e maravilhas por onde passavam. (At 2,43 – “Apossava-se de todos o temor, e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais”), (At 4,30 – “Estendam a mão para que realizem curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu Santo Servo Jesus”), (At 5,12 – “Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Todos os fiéis se congregavam bem unidos, no pórtico de Salomão”).
As escrituras são suficientes para que alguém creia e tenha a vida eterna, mas o próprio João, ao escrever o Evangelho, fez questão de anotar apenas oito sinais feitos por Jesus, dizendo isto ser suficiente para que nós pudéssemos crer NELE (Jô 20,30 – 31 – “Jesus realizou ante os olhos de seus discípulos muitos sinais que não estão consignados neste livro. Estes foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”).
Assim como os apóstolos todos nós somos também revestidos do Espírito Santo, portanto, temos a missão de evangelizar, de anunciar o reino de Deus e, através de nossas palavras e ações, realizar também os prodígios e sinais. Jesus está no meio de nós e sua parusia se realiza todos os dias. Naqueles que acreditam na promessa de Cristo, que estará sempre em nosso meio e nunca nos abandonará.

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