Este tema é muito discutido em
nossos dias tão cheios de descobertas e avanços da ciência. Parece até que o
saber da fé, já não tem mais vez, num mundo dito tecnológico onde a
inventividade do saber científico avança a passos acelerado que já não podemos
conter.
Portanto, nos perguntamos, qual é
a nossa fé cristã? O que significa ter fé? E a razão? Até que ponto devemos
seguir a razão? Os saberes não devem se opor, muito pelo contrário, devem ser
somados para o bem da humanidade. Nem a ciência, nem a tecnologia terão que
absolutizar como saberes entricheirando-se em suas verdades. A ciência sem a
teologia enrijece o coração do homem negando o que ele tem de mais sublime, de
mais profundo que é a transcendência. Ambas tem papéis distintos, porém
relevantes para o engrandecimento da humanidade.
A ciência investiga a verdade a
partir da visão empírica, enquanto a teologia a partir da fé. Esses dois
saberes se complementam e o resultado será o bem da humanidade. A fé precisa da
razão, assim como a razão precisa da fé. A fé é a comunhão com Deus, ou seja,
que nos sabemos assumidos na relação de Jesus com Deus. A fé é a abertura
natural do ser humano a transcendência. É a resposta as grandes perguntas que
povoam as mentes humanas em busca de sentido.
Por “razão” entende-se o
perceber, de uma forma exata, a realidade do mundo e o refletir
conscienciosamente nela. A razão é nossa capacidade de conhecimento “natural”
que nasce já com o nosso próprio ser humano.
Muitos cristãos acham que a
confrontação com a razão só pode prejudicar a fé. Temem questioná-la, porque se
diz que as dúvidas da fé são pecado. Mas assim caem na armadilha de julgar
segundo as aparências e precisamente com esses temores acabam duvidando da fé.
A fé não se deixa enquadrar nos
moldes da razão. Todavia, a primeira vista, a relação entre fé e razão poderia
parecer de fato muito conflitiva. Pois o homem, por natureza, tende a aceitar
como verdadeiro só aquilo que pode enquadrar no molde da razão. Mas tal
enquadramento da fé só se consegue aparentemente e utilizando a razão de forma
acrítica. Tal subordinação não resiste ao exame crítico. Daí surge à aparência,
isto é, que a razão contradiz a fé. Na realidade, o que se contradiz é apenas a
falsa suposição de que a pessoa só deve crer, se a fé puder ser subordinada a
razão. Deve-se negar essa hipótese irracional, tanto por parte da razão, como
da fé.
O cenário mundial hoje é muito
complexo. Algumas religiões crescem por conta de uma teologia do medo. Essas teologias oferecem curas, milagres,
consolações e não reflexões sobre a fé. Essa
perspectiva teológica é um atraso. Faz da religião um remendo para as
inseguranças. Por outro lado, essa onde pós-moderna marcada pelo
individualismo, tem colaborado muito com essas religiões que atendem ao gosto
do consumidor, sem exigir compromisso ético nenhum.
Com relação à fé, a razão não tem
a função de fundamento, mas de filtro. Está também em condições de discernir
qualquer expressão de superstição. É precisamente por causa dessa função de
filtro que a fé está tão interessada em salvaguardar a atitude crítica da
razão.
A fé necessita de uma razão mais
crítica possível, para que não se infiltrem superstições de permeio com suas
próprias afirmações. A superstição sempre surge quando alguém se nega a
utilizar a razão em coisas que são acessíveis. É assim que a pessoa começa a
“Crer” em arbitrariedades.
Sem dúvida, esses temas “Ciência
e teologia, fé e razão, ciência e religião” estão na agenda do mundo. São temas
que estão nas academias, nos seminários, e nas mesas redondas para confronto e
debate. A ciência e a religião não estão e não podem está em conflito entre si
uma precisa da outra para iluminar o sentido.
A religião não poderá julgar
dogmaticamente sobre a ciência, como a ciência não poderá julgar sobre a
religião a partir de sua ótica. Os discursos são diferentes, a teologia faz o
discurso sobre o absoluto, enquanto a ciência o faz a partir do absoluto.
Ao determinar a relação entre fé
e razão, evitam-se os erros, tanto do racionalismo como do fideismo. Por
racionalismo entendemos a concepção que considera que a razão pode ou deve
fundamentar a fé e que se deve demonstrar com sua verdade com argumentos de
razão ou pelo menos torná-la possível. Evita-se tal racionalismo mediante a
afirmação de que a verdade da fé cristã só pode ser reconhecida pela fé. Com
esta verdade se dá como os vitrais de uma catedral da idade média: as cores
resplandecentes só podem ser vista de dentro. Vistas de fora, os vitrais
parecem sombrios e mal deixam transparecer algo de sua beleza.
Por fideismo se entende a
concepção que sustenta que a fé não pode nem precisa justificar-se diante da
razão. Para provar que o fideismo é falso, basta lembrar que a mensagem cristã
quer ser proclamada universalmente é preciso dar a razão da mensagem cristã
diante de qualquer pessoa. Evita-se o
fideismo, exigindo-se que toda objeção contra a fé, da parte da razão, seja
refutada no campo da razão. Devemos poder mostrar que não podemos apoiar-nos na
razão para rechaçar a fé. Toda tomada de posição diferente da própria fé com
relação à mensagem cristã deve ser classificada de arbitrária e injustificada.
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