PAULO FEIRE

O MESTRE PAULO FREIRE

Paulo Freire

Entre os títulos que recebeu, estão os de Doutor Honoris Causa em Universidades de vários países, como Inglaterra, Bélgica e Estados Unidos.

Recebendo o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Complutense de Madri, em dezembro de 1991. Em baixo, doutoramento na Bélgica.

Recebendo, na Câmara Municipal de São Paulo, o Título Cidadão Paulistano, em 1986.

Com Mário Covas, no recebimento do Prêmio Moinho Santista, em 1995.

Prêmio UNESCO de Educação para a Paz, 1986.

Recebeu prêmios, medalhas, condecorações e títulos em todos os continentes.

Durante boa parte dos anos dos governos militares no Brasil, os seus livros foram proibidos, As suas ideias foram consideradas perigosas e o seu próprio nome foi impedido de ser pronunciado em nossas escolas e universidades. No entanto, ao longo desse mesmo tempo sombrio, e depois dele, poucos brasileiros receberam tantas homenagens e tantos títulos aqui e fora do Brasil. Ao professor Paulo Freire foi concedido o título de Doutor Honoris Causa por quase quarenta universidades do Brasil e de outros países.

De Sul a Norte de nosso país, mais de três centenas de escolas públicas e particulares têm o seu nome.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Imagens da Winkal











SANTO AGOSTINHO V - Ultima parte



O bispo de Hipona carregava dentro de si uma síntese entre filosofia e teologia, sendo seus escritos prova disso. Logicamente, em sua condição de membro do clero era a versão teológica que se sobrepunha, não apagando, porém, suas outras influências, mesmo que filtradas, o que vale mesmo para aquela que recebera do maniqueísmo, pois apesar de suas teses se esforçarem em justificar somente a existência do bem, o “mal” seria distanciar-se desse bem, e essa dualidade sempre lhe perturbou a ponto de querer encontrar uma explicação decisiva para assentar-se tanto na filosoficamente como teologicamente. Terminou por optar pela inexistência do mal, isto é, o mal como não-ser, porque só o bem existe.

A conclusão é a de que a graça é mais poderosa que o livre-arbítrio, pois, mais do que a própria escolha humana, é Deus quem escolhe o ser humano, criando-se, portanto, um mistério que envolve a escolha divina. Agostinho, desse ponto de vista, acreditava-se um eleito? Tudo indica que sim, o que não tira o valor de suas reflexões nem de sua autobiografia, nas Confissões.

A sustentação da fé católica passou pelas mãos do bispo de Hipona, assegurando a ela uma forte doutrina que adentrou a Idade Média e até mesmo a ultrapassou. Apesar das afirmações Escolásticas de outro Santo, Tomás de Aquino (1225 – 1274), que cristianizou Aristóteles, o primeiro não perdera seu brilho. Mais tarde, com os jansenistas, que foram combatidos pelos jesuítas, a doutrina da predestinação se fortalecia, pois estes seguiam a crença do bispo holandês Cornélio Jansênio (1585 – 1638), da graça como privilégio de poucos, ideia que floresceu e seguiu crescendo, principalmente por meio do Convento de Port-Royal, Paris, onde despontou um dos mais acirrados defensores, o filósofo Blaise Pascal (1623 – 1662).

De Magistro, enquanto interior e exterior do homem. Entretanto, Agostinho diferencia espírito de alma, pois o primeiro parece ser apenas o elo de ligação entre o corpo e a alma, sendo a segunda portanto, mais livre que o espírito. O espírito atua pela memória, e a alma vai além, sendo ela que garante a imortalidade ao indivíduo como criado por Deus à sua imagem e semelhança. Somente Deus pode transformar as paixões humanas em forças contemplativas contra o que o Doutor da Igreja nomeou como tentações. Era de si mesmo que o Santo falava, de como seu interior fora transformado por Deus.

É a confiança de que Deus tem poder de dirigir a alma que lhe é cara. E o estado de graça, na concepção de tempo agostiniana, é sempre presente, pois no Criador não há passado nem futuro, porque “Ele é aquele que é”. Pela graça de Deus é que a alma reconhece sua eternidade, que avém da eternidade divina. É fato que, ao ler as Confissões, ao bom leitor é possível notar o quanto o coração ardente de Agostinho continuava a pulsar. Porém, discreto, ele continuou o trabalho que começara, o de entregar-se as coisas da fé. Vivenciou intensamente o próprio dualismo que expressou em seus escritos e também a busca por uma conciliação, que as vezes aparecia e outras vezes se fazia distante levando-o a optar pela crença no além como solução para uma alma desesperada.

Não é por acaso que, ao fim de sua vida, reforça sua opção pela “Cidade de Deus” contra a “Cidade dos Homens”. E na sua obra De Magistro, ensina-nos quem é o verdadeiro mestre.  

A Dança



Pablo Neruda

A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio 
ou flecha de cravos que propagam o fogo: 
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva 
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo 
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho: 
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

Se não assim deste modo em que não sou nem és 
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha 
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

domingo, 26 de maio de 2013

A riqueza na Sabedoria



Exercício Acadêmico que vai abordar o tema da Campanha da Fraternidade / 2010: “Economia e Vida”, juntamente com o lema:” Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24). O mesmo será abordado na perspectiva da reflexão teológica sapiencial , que terá referência aos conteúdos do livro do Eclesiástico com as seguintes citações: (Eclo 3,18.24); (Eclo 4,20); (Eclo 5,1); (Eclo 11, 1 – 4); (Eclo 11,14); (Eclo 12,1 – 7); (Eclo 13, 1 – 8); (Eclo 13,17); (Eclo 15,16 – 20) e (Eclo 16,14). Da disciplina , Salmos e Literatura Sapiencial, do 5º semestre do curso de Bacharelado em Teologia. O exercício trás a tona a problemática da realidade atual, poder, riqueza, injustiças, desigualdades, ou seja, a política social, partidária e a globalização. Como se dá essa relação : o homem, o social, a política e o mundo globalizado? 


  1. INTRODUÇÃO

Estamos vivendo hoje uma sociedade do consumismo, onde o ter e o possuir são mais importantes do que o amor e a vida. Estamos num ponto crítico da civilização. Pontos semelhantes já existiram em civilizações antigas, provocando o declínio e o colapso de sociedades.
Os fenômenos atuais são de alcance global, planetária e atingem uma intensidade que ameaçam a nos levar a uma estrada sem retorno. São vários os problemas que vão se acumulando, como: O aquecimento global, as crises financeiras, a crise dos alimentos, a crise energética e a crise ambiental.
A incapacidade de criar uma governança global para deter os avanços desses problemas, na verdade funcionam como um efeito estufa, que exerce uma pressão sobre os governos.  Estes por sua vez são avaliados por sua capacidade de responder a estas pressões e tendem a se desestabilizar a medida que não tiverem sucesso.
“A Riqueza na Sabedoria” é o título do meu exercício acadêmico, para estudo e reflexão teológica sapiencial. Esse exercício faz parte da disciplina de Salmos e Literatura Sapiencial, ministrado pelo professor Lucho Torres Bedoya.
Meu objetivo é buscar refletir teologicamente e sapiencialmente, sobre a Campanha da Fraternidade e algumas citações do livro do Eclesiástico; ressaltando que meu exercício não consiste em fazer comparações de um com outro. Consiste num exercício cujo objetivo é fazer uma reflexão sobre a realidade atual da economia e da vida,do ponto de vista do ser social, da política e da globalização, dos valores sociais e o discernimento, buscando refletir a luz do livro do Eclesiástico.
As pesquisas para meu exercício acadêmico foi realizado pela internet sobre a Campanha da Fraternidade, e a Bíblia Sagrada (TEB) sobre o Livro do Eclesiástico e outros livros, tanto do Antigo como Novo Testamento, onde encontrei subsídios para o desenvolvimento do meu trabalho.
Pesquisei em outras fontes como: Revistas, livros, textos acadêmicos entre outros. Procurei me empenhar ao máximo, aproveitando os dias da semana que não tinha aulas na faculdade, fins de semana e feriados, para pesquisar e extrair o melhor do meu exercício.   
A minha metodologia de trabalho foi saber conciliar os estudos das outras disciplinas com o exercício acadêmico, distribuindo em horas programadas de estudo e dias alternados. Elaborei um cronograma mensal de estudos, sendo, durante a semana 3horas nas terças e sextas feiras, e nos finais de semana com 7horas de estudos no sábado e domingo.    


2.     DESENVOLVIMENTO

2.1   ECONOMIA E VIDA

2.1.1        - Eclesiástico 3,18. 24 – A Humildade
A Campanha da Fraternidade / 2010 tem como objetivo geral, unir Igrejas cristãs e pessoas de boa vontade na promoção de uma economia a serviço da vida, sem exclusões, criando uma cultura de solidariedade e paz.
A maior sabedoria é ter consciência dos próprios limites e manter-se aberto a manifestação do mistério. O apóstolo São Paulo em sua carta aos Tessalonicenses 5,19 – 21 faz um convite aos cristãos a exercitar o discernimento e espírito crítico, para se tornarem capazes de reconhecer e assimilar o bem, onde quer que se encontre.
No livro de Provérbios no capítulo 2,2, vamos encontrar: “Se tiveres com o ouvido atento a sabedoria, o teu coração estará inclinado ao entendimento. Deus dá sabedoria ao povo fazendo-o discernir através da experiência, a justiça e o direito que leva a vida”.

2.1.2        – Eclesiástico 4,20 – Pudor e Respeito Humano
Na Bíblia os pobres e todos os necessitados estão no centro da justiça que Deus exige das relações humanas e econômicas. A pobreza é produto de decisões e políticas humanas. Cercado por uma civilização pagã, o povo de Deus é tentado a esconder sua identidade ou menosprezar a si mesmo. O autor incentiva a ser autêntico, a mostrar seus valores na simplicidade, sinceridade e coerência.
Em Eclesiastes 3,1 – 15, a todo custo o homem tenta dominar a vida que lhe escapa numa série de tempos diferentes. Ele anseia pela plenitude e deseja realizá-la cabe aceitar o momento presente como Dom de Deus, e ter discernimento para fazer a coisa certa na hora certa.  

2.1.3        – Eclesiástico 11,1 – 4 – Não Confiar nas Aparências
A Campanha da Fraternidade nos ajuda a refletir sobre as reais necessidades do dinheiro. Ele é necessário no mundo dominado pelo mercado, onde tudo se compra e se vende. Compram-se alimentos, roupas, paga-se colégio, cuida-se da saúde, adquire-se moradia etc., o cintilar do ouro e das moedas, porém, se mistura facilmente com a ambição e o desamor.
Nem tudo que reluz é ouro. A civilização do consumo cultiva e cultua as aparências. Fazendo-se a creditar que os valores das coisas estão no seu aspecto externo. Quando esta mentalidade atinge as pessoas podem surgir os maiores enganos; pois estar bem vestido ou ter bom aspecto, não é sinônimo de bondade ou credibilidade.

2.1.4        – Eclesiástico 11, 14 – Só o Auxílio Divino é Eficaz
A sabedoria, a ciência e o conhecimento da lei vêm do Senhor; o amor e o caminho das boas obras Dele precedem. O bom senso e a compreensão da palavra vêm do Senhor. Pode ser muito cruel o caminho que o povo pobre tem que percorrer, contudo a confiança em Deus é entendida como compromissor, transformador, abre as portas para um mundo novo.
Hoje temos a consciência da necessidade de reencontrar a unidade cristã no trabalho ecumênico e de promover o diálogo inter-religioso com outras tradições. Percebemos essas necessidades como exigência ou o próprio projeto do Reino na construção da paz e colaboração para o bem comum.

2.1.5        – Eclesiástico 12, 1 – 7 – O Discernimento nos Benefícios
Aqueles que sofrem injurias, penas pesadas, injustiças e maus tratos, devem merecer nossa compaixão. Porém, aos que injuriam, aplicam pesadas penas, cometem injustiças e maus tratos, merecem nosso desprezo e nosso abandono.
Não é fácil discernir os verdadeiros dos falsos amigos. Nas situações difíceis é que se pode perceber a sinceridade daqueles que nos rodeiam. Jesus não teve duvida quanto a sua escolha, diante da dominação estrangeira e dos conflitos internos do judaísmo, Jesus não “fechou” com nenhum dos grandes partidos judaicos existentes, como também nenhum movimento zeloso ou revolucionário popular.
Jesus simplesmente ficou do lado dos pobres e marginalizados do seu povo. Para essa gente simples e pobre, Jesus falou do Reino de Deus.

2.1.6        – Eclesiástico 16, 16 – 20 – Liberdade do Homem
Os inúmeros males que afligem as pessoas e a sociedade desafiam qualquer explicação. Às vezes as pessoas falam: Foi Deus que quis assim. No entanto Ele criou a humanidade livre, e isso comprova a grandeza, tanto de Deus como do homem.
Ser livre significa tomar decisões pessoais e coletivas para encaminhar a sociedade e a história. Os erros e acertos de certo modo são responsabilidades do próprio homem, sempre convidado a rever seus projetos a luz do propósito de Deus.
A Campanha da Fraternidade também nos fala que Deus não quer seu povo – assim como não quer nenhum povo – explorado nos seus direitos e no seu trabalho. Mas não basta libertar, é preciso educar para a liberdade, a partilha e a igualdade.     

3.1 – “VOCES NÃO PODEM SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO” (Mt 6,24)

3.1.1 - Eclesiástico 5,1 - Presunção do Rico e do Pecador  
A riqueza é uma das fontes mais freqüentemente denunciada do orgulho e da “suficiência” que leva a satisfazer as paixões sem escrúpulos e a esquecer a precariedade da condição humana.
Em geral a riqueza produz a ilusão da auto-suficiência, e esta conduz para inevitavelmente para presunção. Dessa forma o rico se julga merecedor de tudo, até mesmo de colocar Deus a serviço dos seus próprios interesses.
Em Mateus 6, 19, Jesus em um de seus discursos vai dizer: “Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde so ladrões podem roubar”.  Todo homem consciente ou inconsciente tem um valor fundamental, um absoluto que determina sua forma de ser e viver. E qual é esse absoluto? Deus ou a riqueza? Deus leva o homem a liberdade e a vida, através da justiça que leva a partilha e a fraternidade. As riquezas são resultados da opressão e da exploração, que leva a escravidão e a morte.

3.1.2 – Eclesiástico 13, 1 – 8 - As ciladas do rico orgulhoso
O rico e o pobre têm consciência diferente sobre a vida e sobre si mesmo. Não é possível muitas vezes a convivência justa, verdadeira e amigável entre ambos.
Os poderosos buscam sempre subjugar os mais fracos e humildes. Quando a Campanha da Fraternidade reflete sobre economia e vida, nos ajuda a ter um olhar, mesmo rápido, sobre o mundo em que vivemos nos mostra sinais preocupantes em relação ao sistema econômico e cultural em que estamos vivendo.
Alguns são fatos bem comuns do cotidiano. Quando empresas multinacionais te oferecem um produto essencial a sua vida, outros procuram tornar seus produtos obsoletos antes que outros o façam, te obrigando a compra o mais atualizado. Frases como: Não vale a pena consertar... É melhor jogar fora.
A mídia na televisão te induz ao consumismo e te diz o que comprar o que vestir o que calçar e até o que comer. Quando uma mãe pobre, passando por necessidades, arranja um jeito de comprar um celular para a filha, temos a certeza do que afirmamos a cima.

3.1.3 – Eclesiástico 13, 17 – Contraste entre rico e pobre
O rico é sempre considerado bom, culto e digno de respeito. Já o pobre é tido como preguiçoso, sem valor moral, um peso que não merece ser levado a serio.
Mas quando buscamos a realidade das coisas, na verdade, percebemos que a situação é exatamente ao contrário. É no confronto social que ricos e pobres podem perceber o porquê de sua situação.
Que sistema é esse que vivemos? Quando vivenciamos gente vivendo nas ruas, crianças sendo exploradas pelo crime e a droga. Milhões de pessoas não têm um mínimo para sua sobrevivência. Mas uma minoria não consegue nem gastar o dinheiro que tem, por excesso de riqueza.
E, no meio, gente de todas as classes sociais está sendo pressionada a se avaliar pelos padrões de consumo e não pelo valor pessoal.

3.1.4 – Eclesiástico 16, 14 – Maldição dos ímpios
A revisão de alguns episódios da história do povo leva a conclusão que Deus é quem julga os homens. Esse julgamento não caído do céu, mas se realiza através das conseqüências que surgem dos atos de cada um.
Não bastam as boas intenções, o que salva e condena uma pessoa é a sua vida prática. Porém, dar esmolas, praticar o assistencialismo só por praticar, também não redime ninguém, a prática tem que partir do coração, ajudar ao próximo a sair da situação em que ele se encontra, de injustiça, miséria e morte, para uma condição libertadora de paz, justiça social e crescimento pessoal.

CONCLUSÃO

O que nós refletimos com o exercício de exegese e hermenêutica dos capítulos e versículos do Eclesiástico, juntamente com o tema da Campanha da Fraternidade nos trás uma problemática da realidade atual. Poder, riquezas, injustiças, desigualdades, ou seja, o ser social, a política e a globalização. Como se dar essa relação: O homem como ser social, a política como um meio para usar o poder e o mundo na sua totalidade globalizado.

O nosso exercício, a nossa reflexão nos mostrou como podemos viver numa sociedade com suas adversidades. Viver a vida em plenitude, sem causar a maldade, o desamor... Viver a vida sendo atuante nela como transformadora e libertadora de algumas ideologias destrutivas. Vivemos uma situação de conflitos. Conflitos no campo social, político, econômico, cultural e eclesial.

A realidade atual em que estamos inseridos está em voltas a um sistema (político) ligado ao mercado globalizado que só visa o lucro, associado a um egoísmo geodinâmico como uma força atuante na terra e seus efeitos.
O Brasil precisa de mudanças estruturais, uma nova sociedade precisa de novos homens. Por isso, nos perguntamos muitas vezes: como um país de tradição cristã, a maioria do povo vive em condições tão desumanas?

O nosso trabalho vem refletir sobre os aspectos do poder econômico (riqueza), das desigualdades sociais, do respeito à vida e ao próximo, do discernimento, dos contrastes sociais entre outros. Qual o nosso olhar para toda essa problemática? Percebemos que muitas coisas estão erradas, como agir para poder transformá-las em boas ações, praticando a justiça?

O Apóstolo Paulo nos faz um convite: “Ao contrário vivendo o amor autêntico, cresceremos sobre todos os aspectos em direção a Cristo, que é a cabeça” – Ef. 4, 2.15.30. Aqui o apóstolo pede aos crentes que se desfaçam de qualquer amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, calúnias e toda espécie de maldade e, em vez disso, cultivem as virtudes da humildade, da mansidão e da paciência.

Somos sujeitos das ações e reações do cosmos, alguns ativos, outros inativos, porém, todos sujeitos. Fugir da problemática é facilitar a entrega do poder nas mãos dos poderosos. Não podemos dizer que não sabemos e que não somos capazes, a capacidade, a competência está em cada um de nós, basta termos a coragem de assumir.
Estamos vendo e vivenciando os problemas que abalam a nossa sociedade hoje. A situação das crianças sendo abusadas por pedófilos, inclusive dentro da própria Igreja, que prega um Cristo que encarna o Amor e a Verdade de Deus. O amor é a parte integrante da verdade, e a verdade, parte integrante do amor. Por que aceitamos isso? Se não aceitamos, por que calamos? Se não calamos, por que nossa voz não é ouvida?

Crianças, jovens e adolescentes envolvidos cada vez mais com as drogas, estão sendo assassinados todos os dias nas periferias do país. A situação das mulheres que são agredidas, violentadas e mortas, pelos maridos, filhos, amantes etc.. A que julgamento nos propomos diante desta situação? Quando achamos que estamos evoluindo para melhorar as condições de vida das pessoas, nos deparamos com absurdos como o trabalho escravo.

Por que o escravismo permaneceu tanto tempo no Brasil? Nosso país serviu como base para o enriquecimento das nações colonizadoras e atualmente serve de mercado consumidor e fornecedor da matéria prima aos países que estão no topo da produção capitalista.

Portanto, existe ainda uma exploração muito grande dessas riquezas em nosso país, que sustenta o monopólio capitalista que se utiliza da Mão de obra barata. A pobreza aliada ao desemprego coloca em situação de desvantagem muitas pessoas que para não morrer de fome, se sujeitam a esta situação.
Como agir e como fazer para contornar toda essa problemática? Podemos começar a refletir a partir das seguintes perguntas: O que é o ser humano como ser político? Por que participar da política?

O ser humano sempre teve que pensar e construir a partir de seus objetivos e aspectos de ação humana, comunitária, partidária e ideológica. A partir dessa análise, podemos perceber que, no nosso cotidiano, fazemos política, por que estamos inseridos num contexto de relações que regulam e ordenam interesses conflitantes e direitos.
Aristóteles disse: “O homem é, por natureza, um animal político, que constrói um desenvolvimento natural, gradual e progressivo das comunidades, diferenciando-se assim dos outros seres que vivem apenas no aqui e agora”.

Na sociedade atual, identificamos pessoas com pessimismo político, que não querem saber de política, que detestam política e, não percebem que fazem parte desse cenário político. Se a realidade está arraigada de cidadãos apolitizados deixando enraizar interesses particulares, então ficamos como meros expectadores deixando as acontecer, sem intervir.
Infelizmente a prática da política toma rumos plenamente diferente daquilo que nos desejamos para uma sociedade justa e solidária. O ser político como homem publico deveria cuidar do povo e da nação com honra e dignidade. O que vemos é o contrário, são homens corruptos, inescrupulosos e medíocres. Talvez a grande problemática da situação esteja em nossas mãos e, ainda falamos que detestamos política. Os homens que colocamos no poder, são os mesmos que governam. Não tenha, pois, nenhuma dúvida: você perde muito, direta ou indiretamente, quando o Estado está nas mais de pessoas incompetentes ou desonestas, pois de algum modo, você está sendo prejudicado.

A verdade é que ninguém consegue entender de política sozinho. Não adianta ler jornais e acompanhar os noticiários e comentários da rádio ou televisão. São todos enviesados. O jeito é formar um grupo para ampliar as fontes de informação e para dispor de opiniões diversas a respeito do significado das informações recebidas. Até quando vamos nos conformar com os desmandos e as canalhices do Congresso Nacional? Por que não damos à importância e a devida atenção a política, como damos ao carnaval, a copa do mundo, ao big broder e tantas outras porcarias que vimos por aí?



BIBLIOGRAFIAS:

  1. TEB, BÍBLIA – Antigo Testamento – Livro do Eclesiástico – Editora Loyola – 1995 .

  1. BINGEMER, MARIA CLARA – Jesus Cristo servo de Deus e Messias glorioso – Editora  Paulinas – 2007

  1. DE CAMPOS, Pe. JOSÉ NARINO – Como encontrar Cristo, hoje – Editora São Paulo – 1993

  1. MUNDO JOVEM, JORNAL – Um jornal de idéias – Ediçoes do mês de Abril e Maio – 2010 – e-mail WWW.mundojovem.com.br .

  1. COLEMAN, Pe. Dr. BRENDAN – Campanha da Fraternidade – Tema: Fraternidade e Economia – Lema: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6, 24) – site WWW.adital.com.br

As parábolas do Reino



Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira do mar. Grandes multidões reuniram-se junto dele, tanto que ele entrou no barco, onde se sentou; toda multidão quedava-se na margem.
O Semeador – Ele lhes disse muitas coisas em parábolas. “Eis que o semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho; e os pássaros do céu vieram e comeram tudo. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra; logo brotaram, porque a terra era pouco profunda; mas, quando o sol se levantou, ficaram queimadas e, por lhes faltarem raízes, secaram. Outras caíram entre os espinhos; os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras caíram na terra boa e deram fruto, uma cem, outra sessenta, outra trinta por um. Quem tiver ouvidos, ouça!”
Por que Jesus fala em parábolas? – Os discípulos aproximaram-se e lhe disseram: “Por que lhes falava em parábolas?” Ele respondeu: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, ao passo que a eles não é dado. Pois àquele que tem, será dado, e estará na superabundância; mas aquele que não tem, mesmo o que tem ser-lhes-á  tirado.
Eis porque lhes falo em parábolas: porque eles olham sem ver e ouvem sem ouvir, nem compreender, e para eles se cumpre a profecia de Isaías que diz: Por muito que ouçais, não compreendereis; por muito que olheis, não vereis. Pois o coração deste povo se tornou insensível.
Tornaram-se duros de ouvido, taparam os seus olhos, para não ver com seus olhos, não ouvir com seus ouvidos, nem compreender com seu coração, e para não se converter. E eu os teria curado! Quanto a vós felizes os vossos olhos porque veem, e vossos ouvidos porque ouvem. Em verdade, eu vos digo: muitos profetas e muitos justos desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Fé e Razão



Este tema é muito discutido em nossos dias tão cheios de descobertas e avanços da ciência. Parece até que o saber da fé, já não tem mais vez, num mundo dito tecnológico onde a inventividade do saber científico avança a passos acelerado que já não podemos conter.
Portanto, nos perguntamos, qual é a nossa fé cristã? O que significa ter fé? E a razão? Até que ponto devemos seguir a razão? Os saberes não devem se opor, muito pelo contrário, devem ser somados para o bem da humanidade. Nem a ciência, nem a tecnologia terão que absolutizar como saberes entricheirando-se em suas verdades. A ciência sem a teologia enrijece o coração do homem negando o que ele tem de mais sublime, de mais profundo que é a transcendência. Ambas tem papéis distintos, porém relevantes para o engrandecimento da humanidade.
A ciência investiga a verdade a partir da visão empírica, enquanto a teologia a partir da fé. Esses dois saberes se complementam e o resultado será o bem da humanidade. A fé precisa da razão, assim como a razão precisa da fé. A fé é a comunhão com Deus, ou seja, que nos sabemos assumidos na relação de Jesus com Deus. A fé é a abertura natural do ser humano a transcendência. É a resposta as grandes perguntas que povoam as mentes humanas em busca de sentido.
Por “razão” entende-se o perceber, de uma forma exata, a realidade do mundo e o refletir conscienciosamente nela. A razão é nossa capacidade de conhecimento “natural” que nasce já com o nosso próprio ser humano.
Muitos cristãos acham que a confrontação com a razão só pode prejudicar a fé. Temem questioná-la, porque se diz que as dúvidas da fé são pecado. Mas assim caem na armadilha de julgar segundo as aparências e precisamente com esses temores acabam duvidando da fé.
A fé não se deixa enquadrar nos moldes da razão. Todavia, a primeira vista, a relação entre fé e razão poderia parecer de fato muito conflitiva. Pois o homem, por natureza, tende a aceitar como verdadeiro só aquilo que pode enquadrar no molde da razão. Mas tal enquadramento da fé só se consegue aparentemente e utilizando a razão de forma acrítica. Tal subordinação não resiste ao exame crítico. Daí surge à aparência, isto é, que a razão contradiz a fé. Na realidade, o que se contradiz é apenas a falsa suposição de que a pessoa só deve crer, se a fé puder ser subordinada a razão. Deve-se negar essa hipótese irracional, tanto por parte da razão, como da fé.
O cenário mundial hoje é muito complexo. Algumas religiões crescem por conta de uma teologia do medo.  Essas teologias oferecem curas, milagres, consolações e não reflexões sobre a fé.  Essa perspectiva teológica é um atraso. Faz da religião um remendo para as inseguranças. Por outro lado, essa onde pós-moderna marcada pelo individualismo, tem colaborado muito com essas religiões que atendem ao gosto do consumidor, sem exigir compromisso ético nenhum.
Com relação à fé, a razão não tem a função de fundamento, mas de filtro. Está também em condições de discernir qualquer expressão de superstição. É precisamente por causa dessa função de filtro que a fé está tão interessada em salvaguardar a atitude crítica da razão. 
A fé necessita de uma razão mais crítica possível, para que não se infiltrem superstições de permeio com suas próprias afirmações. A superstição sempre surge quando alguém se nega a utilizar a razão em coisas que são acessíveis. É assim que a pessoa começa a “Crer” em arbitrariedades.
Sem dúvida, esses temas “Ciência e teologia, fé e razão, ciência e religião” estão na agenda do mundo. São temas que estão nas academias, nos seminários, e nas mesas redondas para confronto e debate. A ciência e a religião não estão e não podem está em conflito entre si uma precisa da outra para iluminar o sentido.
A religião não poderá julgar dogmaticamente sobre a ciência, como a ciência não poderá julgar sobre a religião a partir de sua ótica. Os discursos são diferentes, a teologia faz o discurso sobre o absoluto, enquanto a ciência o faz a partir do absoluto.
Ao determinar a relação entre fé e razão, evitam-se os erros, tanto do racionalismo como do fideismo. Por racionalismo entendemos a concepção que considera que a razão pode ou deve fundamentar a fé e que se deve demonstrar com sua verdade com argumentos de razão ou pelo menos torná-la possível. Evita-se tal racionalismo mediante a afirmação de que a verdade da fé cristã só pode ser reconhecida pela fé. Com esta verdade se dá como os vitrais de uma catedral da idade média: as cores resplandecentes só podem ser vista de dentro. Vistas de fora, os vitrais parecem sombrios e mal deixam transparecer algo de sua beleza.
Por fideismo se entende a concepção que sustenta que a fé não pode nem precisa justificar-se diante da razão. Para provar que o fideismo é falso, basta lembrar que a mensagem cristã quer ser proclamada universalmente é preciso dar a razão da mensagem cristã diante de qualquer pessoa.  Evita-se o fideismo, exigindo-se que toda objeção contra a fé, da parte da razão, seja refutada no campo da razão. Devemos poder mostrar que não podemos apoiar-nos na razão para rechaçar a fé. Toda tomada de posição diferente da própria fé com relação à mensagem cristã deve ser classificada de arbitrária e injustificada.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

História da Igreja primitiva - O Conflito


§Cerca de 40 anos após a condenação e morte de Jesus Cristo, o Governo do Império Romano adquiriu consciência de que o cristianismo era algo muito mais do que uma nova ceita do judaísmo. Tão logo percebendo isso, proibiu-o e fez de sua pratica um crime.
§Isso aconteceu não porque os romanos desgostassem do cristianismo enquanto religião. Pois os romanos já haviam entrado em contato com várias religiões e era muito tolerante a todas elas.

Os cristãos formavam um mundo a parte; cercavam de mistério a celebração de seu culto. Recusavam-se a adorar os deuses romanos e a divindade do imperador.
Por ser uma religião monoteísta, era acusada por Roma de serem “inimigos do gênero humano”. Eram acusados de atos diabólicos contra as crianças – em seus cultos matavam-nas e bebiam seu sangue. Tudo isso pelo fato dos cristãos tomarem a comunhão (Pao-Vinho) corpo e sangue de Cristo.


O cristianismo tinha como princípios de sua doutrina:
Crença em um único Deus;
Jesus é o messias que veio salvar a humanidade;
Crença na ressurreição dos mortos; universalismo (Jesus veio salvar todos os povos, não só os judeus);
Desapego aos bens materiais;
Perdão as ofensas e amor ao próximo. 


Os cristãos contestavam a escravidão, a autoridade máxima do Imperador, a ganância e a vida imoral dos ricos. O cristianismo inicia como uma doutrina dos pobres, que pregava a igualdade e a fraternidade.


A perseguição aos cristãos se deu pela desobediência política ao Estado Romano que resultava de sua fé.


Uma mulher é martirizada sobre Nero

No governo de Nero se tornou mais acentuada; em Roma os cristãos eram acusados de todas as calamidades que aconteciam inclusive o incêndio de Roma em 64 d.C. A violência com que essas perseguições aconteciam cada vez mais os unia, cada vez mais sentiam a necessidade de reunir-se seguidamente, de viver o mais tempo possível em contato um com o outro.

                              Cristãos sendo usados como tochas humanas
Apesar das grandes atrocidades que pesavam sobre os cristãos, o cristianismo se fortalece cada vez mais. Em Roma muitos estrangeiros se fizeram batizar, como também inúmeros romanos e até mesmo membros da corte imperial. 

A partir da 2ª fase do cristianismo sua principal característica, foi que a nova religião aboliu as barreiras sociais e culturais, graças ao sentimento de fraternidade que unia seus seguidores. (os ricos contribuíam com grandes somas em dinheiro para ajudar os pobres).

                                    
                                   A ultima prece dos mártires cristãos

As perseguições e mortes de muitos cristãos transformou esses homens e mulheres em mártires que morreram defendendo sua fé. O número de mártires foi crescendo com o passar do tempo, formando um conjunto denominado “Vida dos Santos”.

Com ascensão de Diocleciano (284-305) o Império passou a ser chamado de “Dominarum” e Diocleciano de Dominus Noster (Nosso Senhor). Realizou a reforma político-Administrativa conhecida como “Tetrarquia” – o povo foi descentralizado, o Império governado por dois Augustos e dois Césares. 



Mas os cristãos insistiam que só eles possuíam a verdade e que todas as outras religiões, inclusive as do Estado praticada pelos romanos, eram falsas. No terceiro século do cristianismo ainda continuava a conseguir conversões e tornara-se menos rigorosa em sua doutrina, autores cristãos admitiam a possibilidade de uma pessoa ser ao mesmo tempo um bom cristão e um bom romano.


O Estado Romano enfraquecido com a crise do século III d.C., defrontou-se com uma Igreja bastante sólida. O Governo Imperial não tinha justificativa moral nem legal para proibir uma religião a qual talvez mais de um terço de seus súditos haviam aderido. O Estado e a sociedade não mais corriam perigo e o culto a César já não era a religião oficial.



O Imperador Constantino percebeu que as perseguições aos cristãos eram inúteis e, através do Edito de Milão (313) concedeu-lhe liberdade de culto. Consta que ele antes de ir para uma grande batalha sonhou com o símbolo cristão da cruz em letras de fogo – “IN HOC SIGNO VIN CES”. – “SOB ESSE SIGNO VENCERÁS”.




EM 391 o Imperador Teodósio oficializa a Igreja e todos foram obrigados a seguir o cristianismo, depois de 250 anos de perseguição, sofrimento e martírio. Com a oficialização a estrutura da Igreja muda completamente, no início os padres eram escolhidos pela comunidade, depois de um século do cristianismo, ela passou a se organizar de um modo parecido com o Império Romano. Ao invés da democracia dos primeiros tempos, a Igreja se assemelha a uma monarquia.